Coração e razões
Porque o coração tem razões que a própria razão desconhece (Blaise Pascal)
domingo, 23 de março de 2014
Dupla saudade
Quisera eu poder descrever
com palavras o que sinto,
mas palavras não descrevem
a profundidade da saudade.
Um sentimento tão sublime
que traz em nós boas lembranças
e no mesmo momento a tristeza
pela distância de quem amamos.
Dizer o que então
em um dia como hoje,
onde a saudade vem mais forte,
duas vezes mais forte?
Saudade de quem me ensinou
a procurar fazer o certo,
a não querer o que é dos outros,
a ter respeito aos mais velhos.
O herói da minha infância,
corrigia-me quando preciso.
Grato sou a ele por tudo,
pelos valores, pelo que sou.
Saudades também dela,
sempre procurando agradar
com sua doçura seus netos,
com seu amor seus bisnetos.
Nesse dia bate mais forte,
voltam as boas lembranças
da infância e de toda a vida.
Saudade…dupla saudade…
terça-feira, 2 de abril de 2013
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Marcas
Lembro-me como se fosse hoje aquela madrugada de 1º de novembro de 2011. Senti a morte passando ao meu lado como um vulto. Achei que nada fosse. Triste engano.
Chegando a manhã, ele acordou. Contei que o pão estava pronto, conversamos um pouco. Ele voltaria ao seu quarto, eu iria dormir, sem saber que não mais ouviria sua voz.
Quanto tempo passou? Cinco minutos? Dez? Não sei ao certo. Sei que após tão pouco tempo fui chamado pela Ana, que estava desesperada pois ele havia "desmaiado". Tentamos de tudo, chamamos o resgate e ligamos para nossos irmãos. Resgate que causou certa revolta pela demora, embora eu acredite que não havia o que pudesse ser feito.
Levaram-no para o hospital. As horas seguintes foram de angústia, de agonia e de dor. À noite fui visitá-lo. Ele estava inconsciente. A enfermeira tentou animar-nos, embora o médico dizia que era grave. Quando saí daquele quarto, e após ouvir as explicações do médico, tive a certeza que era questão de horas.
Na manhã seguinte (2 de novembro) ligaram em casa...pediam que algum familiar comparecesse ao hospital. Sabíamos qual seria a notícia, embora não queríamos ter que ouvi-la.
Um ano...lembro-me como se fosse hoje. Sinto-me amputado, pois uma parte de mim se foi naquele dia.
Sinto-me como que tendo sofrido um corte no rosto e, a cada dia, olho-me no espelho e vejo que o ferimento não quer cicatrizar.
Dói demais! Talvez seja egoísmo de minha parte, pois ele se foi em um momento feliz de sua vida. E foi de uma forma que ele mesmo desejou: queria que fosse "de uma vez", sem ficar em uma cama dando trabalho para os filhos, sem se sentir "inútil", sem ficar totalmente dependente de ninguém.
Mas dói...confesso que dói. Alivia-me um pouco tê-lo visto sorrindo um dia antes. Lembro-me do seu exemplo, era um homem que não gostava "das coisas erradas", era querido por todos. Lembro-me dos seus conselhos sobre a vida, sobre trabalho, sobre falsos amigos.
Não sei se e nem quando essa ferida irá cicatrizar. Talvez inconsientemente eu a mantenha aberta. Talvez para que eu continue tentando seguir seu exemplo, seguir seus conselhos.
Lembro-me dos últimos presentes que me deu:
Lembro dos nossos momentos de diversão, quando levou-nos a tantos lugares, quando levou-me ao estádio quando eu era pequeno. Lembro-me a cada dia do meu grande pai.
Muitas saudades.
Chegando a manhã, ele acordou. Contei que o pão estava pronto, conversamos um pouco. Ele voltaria ao seu quarto, eu iria dormir, sem saber que não mais ouviria sua voz.
Quanto tempo passou? Cinco minutos? Dez? Não sei ao certo. Sei que após tão pouco tempo fui chamado pela Ana, que estava desesperada pois ele havia "desmaiado". Tentamos de tudo, chamamos o resgate e ligamos para nossos irmãos. Resgate que causou certa revolta pela demora, embora eu acredite que não havia o que pudesse ser feito.
Levaram-no para o hospital. As horas seguintes foram de angústia, de agonia e de dor. À noite fui visitá-lo. Ele estava inconsciente. A enfermeira tentou animar-nos, embora o médico dizia que era grave. Quando saí daquele quarto, e após ouvir as explicações do médico, tive a certeza que era questão de horas.
Na manhã seguinte (2 de novembro) ligaram em casa...pediam que algum familiar comparecesse ao hospital. Sabíamos qual seria a notícia, embora não queríamos ter que ouvi-la.
Um ano...lembro-me como se fosse hoje. Sinto-me amputado, pois uma parte de mim se foi naquele dia.
Sinto-me como que tendo sofrido um corte no rosto e, a cada dia, olho-me no espelho e vejo que o ferimento não quer cicatrizar.
Dói demais! Talvez seja egoísmo de minha parte, pois ele se foi em um momento feliz de sua vida. E foi de uma forma que ele mesmo desejou: queria que fosse "de uma vez", sem ficar em uma cama dando trabalho para os filhos, sem se sentir "inútil", sem ficar totalmente dependente de ninguém.
Mas dói...confesso que dói. Alivia-me um pouco tê-lo visto sorrindo um dia antes. Lembro-me do seu exemplo, era um homem que não gostava "das coisas erradas", era querido por todos. Lembro-me dos seus conselhos sobre a vida, sobre trabalho, sobre falsos amigos.
Não sei se e nem quando essa ferida irá cicatrizar. Talvez inconsientemente eu a mantenha aberta. Talvez para que eu continue tentando seguir seu exemplo, seguir seus conselhos.
Lembro-me dos últimos presentes que me deu:
Lembro dos nossos momentos de diversão, quando levou-nos a tantos lugares, quando levou-me ao estádio quando eu era pequeno. Lembro-me a cada dia do meu grande pai.
Muitas saudades.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Vi-te sorrindo
Vi-te sorrindo
um ano atrás,
como há tempos
você não sorria.
Vi-te sorrindo
ao me pedir
que ensinasse à Ana
como fazer o pão.
Vi-te sorrindo
e até comentar
com a Ana
sobre a novela.
Vi-te sorrindo...
como há tempos
você não sorria.
É o que me alenta...
sábado, 14 de julho de 2012
Uma peça
Você
esperava seguir viagem.
Comprou a
passagem, preparou as malas.
Mas no
momento do embarque a vida pregou-te uma peça.
Foi
sequestrado, amarrado e amordaçado.
Amordaçado,
não podia pedir por socorro.
Preso, não
podia sair.
Mãos e pés
amarrados,
não podia
soltar-se.
Até que,
após tanto tempo,
tantos dias
e meses,
a corda
rompeu-se
e você se
soltou.
Então,
livrando-se, correu
e pensou que
poderia seguir viagem,
mas veio a vida novamente
e te pregou
uma peça...
sábado, 17 de setembro de 2011
Sonho
Acordar, comer, trabalhar, dormir.
Sonhar, viver, correr,
não parar, fugir, procurar.
Correr mais, procurar, não encontrar,
tentar encontrar, não achar, desanimar.
Correr, correr, correr...
E corre, e corre, até que...
pensa que encontrou,
chega mais perto, cansado, ofegante.
Parece enfim ter encontrado
mas quando se dá conta e observa melhor
começa a correr novamente...
E corre, e corre, e corre...
corre mais um pouco, e enfim
pensa novamente que encontrou.
Mas tudo se acaba outra vez
e novamente ele está
cansado, acordado, parado,
Esperando comer, trabalhar e dormir
para que novamente possa tentar
correr, procurar e finalmente encontrar...
domingo, 19 de junho de 2011
Sombra
Densas trevas cobrindo
o caminho que deve passar
procura, não acha
quer, mas não encontra
andando tal qual
um cego com sua bengala,
tateando, "ciscando",
cheio de cuidados
tendo a esperança
de que um dia essa sombra
fugirá do seu caminho
deixando-o limpo como precisa
para seguir com sua jornada
onde sabe que encontrará
a felicidade que tanto procura
mas tanto dura essa sombra
que pensa em desistir, em voltar
tantos quilômetros que já caminhou,
pensa em deixar esse caminho,
tomar outro rumo, um desvio
mas sabe que isso não é possível
pois é o caminho que deve seguir
e sabe que um dia será dissipada
essa sombra que o tenta cegar
o caminho que deve passar
procura, não acha
quer, mas não encontra
andando tal qual
um cego com sua bengala,
tateando, "ciscando",
cheio de cuidados
tendo a esperança
de que um dia essa sombra
fugirá do seu caminho
deixando-o limpo como precisa
para seguir com sua jornada
onde sabe que encontrará
a felicidade que tanto procura
mas tanto dura essa sombra
que pensa em desistir, em voltar
tantos quilômetros que já caminhou,
pensa em deixar esse caminho,
tomar outro rumo, um desvio
mas sabe que isso não é possível
pois é o caminho que deve seguir
e sabe que um dia será dissipada
essa sombra que o tenta cegar
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